RESENHA
Ira! libera primeiro álbum de músicas inéditas em 13 anos

Lançado nesta sexta-feira, 5 de junho, Ira é o primeiro álbum de músicas inéditas da banda Ira! em 13 anos. É também o primeiro álbum que traz no título o nome do grupo formado em 1981 na cidade de São Paulo (SP), musa da seminal Pobre paulista (1983), música que plantou os alicerces da obra fincada pela banda, com evocações do universo mod, ao longo dos anos 1980, década em que o rock brasileiro saiu dos escombros e chegou ao topo das playlists.
Mesmo que exclua do título o ponto de exclamação do nome da banda, o álbum Ira expõe impetuosidade que parecia já ter sumido da voz de Nasi e do toque da guitarra de Edgard Scandurra em discos anteriores do grupo. O último álbum, Invisível DJ (2007), se dissolveu em aura modernosa que contribuiu para que brigas entre integrantes (com desentendimentos que se estenderam para o empresário da banda, Airton Valadão, irmão de Nasi) provocassem o fim do Ira! ainda em 2007.
Mas toda desavença também tem um fim. Com as pazes feitas entre todos os envolvidos, o consequente retorno da banda Ira! à cena – concretizado a partir de 2014 – parece ter reacendido a velha chama neste disco cuja capa expõe arte criada por Mayla Goerish e Guilherme Pacola.
Arquitetado desde 2018 e produzido por Apollo 9, o álbum Ira recoloca o quarteto – atualmente formado pelos fundadores Nasi e Scandurra com o baterista Evaristo Pádua e o baixista Johnny Boy – em lugar de honra na galeria do rock nacional.
O vigor do disco soa sem surpresa para quem ouviu os singles O amor também faz errar (power balada de Scandurra que figura entre as melhores músicas da história do Ira!), Mulheres à frente da tropa (música composta e cantada por Scandurra com tomada de posição feminista bem-vinda no exército ainda predominantemente masculino e não raro machista do rock) e Chuto pedras e assobio (balada-rock de Scandurra com Bárbara Eugenia, cantada por Nasi).
Outras sete músicas compõem o inédito repertório autoral do álbum Ira, mantendo a coesão sem a reinvenção da roda, mas também sem mofo ou ranço nostálgico. “Faz parte de tudo / Faz parte do que é / Do jeito que somos / Das coisas como são”, resume Nasi ao dar voz à letra de Respostas, rock amplificado por solo de guitarra de Scandurra, parceiro de Silvia Tape na composição da música.

Capa do álbum ‘Ira’, da banda Ira! — Foto: Arte de Mayla Goerish e Guilherme PacolaIn
Como ratificam faixas como Eu desconfio de mim (Edgard Scandurra), rock dedicado à memória do guitarrista britânico Andy Gill (1956 – 2020), o álbum Ira soa fiel à ideologia musical roqueira da banda. Talvez por isso até possa soar anacrônico em 2020 ao mesmo tempo em que se também se impõe relevante e coerente com a história do Ira! ao apresentar, por exemplo, balada resignada como Efeito dominó, envolvida em aura de folk-rock e cantada por Nasi com o reforço vocal, em francês, de Virginie Boutaud (vocalista da banda Metrô nos anos 1980, para quem não liga o nome à pessoa), parceira de Scandurra na criação da composição.
Um dos maiores destaques da parcela até então desconhecida do repertório do álbum Ira, Efeito dominó dura quase oito minutos – com direito à longa passagem instrumental na segunda metade da gravação – e faz parte de tudo o que sempre foi o Ira! desde 1981.
Como não identificar o velho e bom Ira! na pegada de A torre (Edgard Scandurra) ou no endiabrado solo de guitarra feito por Scandurra no rock Você me toca, outra parceria do artista com a cantora e compositora Silvia Tape, com quem o guitarrista já fez projetos em duo.
O repertório do álbum Ira é de alta qualidade. Mas talvez tivesse a força diluída no disco se Scandurra e Nasi não reeditassem a afinidade evidente nas dez faixas do álbum. Quando Nasi fala de “cumplicidade especial” ao cantar a balada A nossa amizade, parece que a letra da canção de Scandurra versa sobre a relação peculiar entre vocalista e guitarrista.
“Sim, eu resolvi mudar / Aprendi a respirar / Olhar com outros olhos e reconsiderar / Que além de envelhecer difícil é aprender / Com o que já se viveu / E se eu me entrincheirar / Contra o opressor que seja ao seu lado / Lado a lado por favor”, pondera Nasi, aos 58 anos (a mesma idade do amigo e ex-rival Scandurra), ao dar voz ao rock O homem cordial morreu (Edgard Scandurra), outra excelente música de álbum revigorante que põe o Ira! à frente da desfalcada tropa do rock do Brasil.

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